Dores nos quadris? Dificuldade para se movimentar? Confira quando a artroplastia total pode ser uma boa opção: cirurgia é vista como uma possibilidade de retorno à pratica atividade física

Em 2013, o tenista Gustavo Kuerten passou por uma cirurgia para colocar prótese no quadril. Em 2021, foi a vez da jogadora de vôlei Paula Pequeno e do canoísta medalhista olímpico Erlon de Souza. Fora do mundo do esporte, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se submete à cirurgia nesta sexta-feira (29/9), e o apresentador de TV Sérgio Mallandro já passou por ela no início de 2023. Todos passaram por uma artroplastia total de quadril, técnica que substitui o quadril doente ou danificado, geralmente por causa de artrose, por um implante. O Eu Atleta conversou com especialistas para entender melhor como é a cirurgia, quando ela é indicada e como é a jornada de tratamentos e até mudanças de hábitos antes de ela ser uma opção; confira.

O que é a artroplastia total de quadril

É uma cirurgia para pacientes com diagnóstico de artrose desta articulação.
– Este procedimento tem o objetivo de diminuir a dor e a incapacidade de realizar movimentos decorrentes da doença e é aconselhado quando os tratamentos não cirúrgicos não foram capazes de fornecer uma qualidade de vida adequada. A prótese pode ser uma conduta também em alguns tipos de fratura de quadril – explica o ortopedista Fábio Zego.
Ela pode ser indicada inclusive para atletas de alta performance e para amadores, principalmente aqueles com mais de 60 anos, já que a causa mais comum de desgaste do quadril é o envelhecimento.
– O desenvolvimento de dor crônica e a limitação da mobilidade, sendo, muitas vezes, necessária a utilização de dispositivos para auxiliar a marcha, como bengalas e andadores, podem desencadear outros problemas, como depressão e distúrbios do sono, comprometendo o dia a dia. Por isso, a colocação da prótese de quadril, quando bem sucedida, pode melhorar essas condições, devolvendo à pessoa uma melhor qualidade de vida e ainda fazendo com que ela volte a realizar exercícios físicos – esclarece o especialista em geriatria, Marcelo Valente.

Como é a prótese/implante de quadril

– A articulação propriamente dita costuma ter uma cabeça de metal ou de cerâmica que se conecta ao revestimento do componente, que também pode ser de cerâmica ou de polietileno – conta o ortopedista Marco Aurélio Silvério Neves.
Em uma cirurgia de prótese de quadril, o especialista dispõe de vários tamanhos na sala para escolher o que mais se ajusta às medidas e a anatomia do paciente. Vale lembrar: todos os materiais utilizados são altamente biocompatíveis.

Quanto tempo leva a recuperação

Alguns pacientes se recuperam mais cedo do que outros, dependendo da idade, do estado de saúde e da resposta à reabilitação, mas o tempo médio é de dois a três meses.
A fisioterapia deve começar no hospital e continuar em casa ou em uma unidade de reabilitação especificamente designada. Geralmente, é recomendada por de seis a oito semanas após a cirurgia. A essa altura, a maioria dos pacientes já está mais independente e pode se exercitar por conta própria.

Como é a volta aos treinos?

Os esportes não devem ser evitados. A atividade física regular promove a circulação sanguínea e apoia a mobilidade das articulações.
– O começo sempre é com exercícios de baixo impacto, que vão sendo incrementados progressivamente. Os médicos não costumam recomendar esportes de contato e de correr para os pacientes que têm prótese total de quadril – alerta Marco Aurélio Silvério Neves.
Esportes adequados incluem hidroginástica, natação, ciclismo e caminhada.

Riscos da cirurgia

A cirurgia de substituição total do quadril é de grande porte; e há alguns riscos potenciais que devem ser discutidos com seu médico. Embora a taxa de sucesso para esse procedimento seja alta, os riscos comuns incluem:
– Coágulos de sangue na perna e pelve (trombose);
– Infecção no quadril;
– Luxação do quadril.

Tratamentos não cirúrgicos

Antes da artroplastia total de quadril, o médico deve sugerir várias mudanças e tratamentos. Entre elas:

• Alteração dos hábitos de vida
– Realização de atividades de baixo impacto, perda de peso, fortalecimento muscular, condicionamento cardiovascular e até uso de dispositivos de apoio, como bengalas, são medidas não farmacológicas de grande valia na condução da patologia e trazem conforto em alguns casos – comenta Fábio Zego.

• Uso de analgésicos e anti-inflamatórios
Indicados nos períodos de crise, pois seu uso prolongado deve ser evitado. Os condroprotetores podem ser uma alternativa para o tratamento das doenças de cartilagem, mas os seus resultados ainda estão em debate pela comunidade médica.

• Fisioterapia
É uma grande aliada no tratamento das patologias do quadril, e a execução de um plano terapêutico personalizado ao paciente e a sua doença evita o uso excessivo de medicações e, em alguns casos, até mesmo um procedimento cirúrgico.

• Infiltração articular
Nos casos resistentes, pode-se indicar o procedimento com anestésicos e corticoides, com objetivo de diminuir o quadro de dor e de desconforto do paciente, criando assim uma boa janela de oportunidade para a prática mais efetiva da reabilitação.

• Infiltração com ácido hialurônico
É um método paliativo, com a capacidade de restauração das propriedades viscoelásticas do líquido articular por sua ação condroprotetora e anti-inflamatória.

• Denervação percutânea por radiofrequência dos nervos sensoriais da articulação do quadril
É uma técnica minimamente invasiva, em que agulhas são aplicadas na região com problema e a radiofrequência diminui o funcionamento dos nervos que causam dor. Pode proporcionar alívio em pacientes com dor crônica no quadril e atuar como método auxiliar no tratamento conservador.

Quando procurar um médico

O quadril vai dando sinais de que algo não está bem quando a pessoa apresenta:
– Diminuição na capacidade de caminhar;
– Dores persistentes na virilha associada aos movimentos;
– Restrição de mobilidade da articulação;
– Dor na região lombar baixa, púbis ou na nádega;
– Dores na região lateral do quadril que pioram ao deitar-se sobre o mesmo lado.

Se automedicar ou esperar a dor piorar, por exemplo, só vão intensificar ainda mais o problema. Se tiver um ou mais sintomas descritos acima, procure um médico para avaliação e exames.

Fontes:

Fabio Zego, médico ortopedista especialista em Cirurgia do Quadril Hospital Moriah (SP) e no Hospital da Aeronáutica (SP);
Marcelo Valente, especialista em geriatria pela Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG);
Marco Aurélio Silvério Neves, médico ortopedista especialista em Cirurgia do Quadril e Joelho e Coordenador do Departamento de Ortopedia Hospital Moriah (SP).

Reportagem de Ana Marigliani, publicada no blog Eu Atleta, em 29 de setembro de 2023. Para ler o conteúdo na íntegra, clique aqui.


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