O aparelho digestivo humano é um conjunto de órgãos, que como o nome já diz, cuida da ingestão, digestão e absorção dos elementos nutricionais fundamentais para a nossa existência. É por onde passa o “combustível da máquina”.

Esse conjunto de órgãos deve funcionar em sintonia, mas às vezes, condições e doenças atrapalham, e muito. Algumas são relacionadas ao nosso modo de vida e ajustes na alimentação, por exemplo, são suficientes para manter a saúde em dia. Para outras, não é tão simples assim, mas a Medicina já oferece cura para a maioria e, para algumas, bem-estar ao paciente.

As principais doenças que “frequentam” os consultórios, relacionadas ao sistema digestivo são o refluxo gastroesofágico, a constipação intestinal, a gastrite, a esteatose hepática e a síndrome do intestino irritável. Para as gastrites, é importante saber que existem casos agudos, que são aqueles que acontecem após um abuso alimentar ou alcoólico em pacientes que nunca apresentaram uma queixa prévia. Jovens podem ter esse episódio após uma festa, ou durante uma viagem onde os hábitos alimentares mudam radicalmente. Mas existem casos crônicos de gastrite, comum em idosos, por exemplo, devido ao uso constante de vários medicamentos que irritam o estômago. Por isso, nesses casos, deve-se fazer o uso de remédios protetores gástricos associados.

De acordo com a gastroenterologista do Hospital Moriah, Dra. Nilma Ruffeil “deve-se sempre lembrar que ingerir bastante água, durante o dia todo, ajuda muito a regularizar o funcionamento intestinal” e esse é outro hábito que vai contribuir para a saúde do sistema digestivo.

Nos casos de refluxo gastroesofágico a mudança de hábito alimentar é o principal elemento para o controle da doença. Nada de jejuns longos. O ideal é uma dieta fracionada, com pequenas porções a cada três ou quatro horas. Mastigar bem os alimentos, comer devagar e não beber junto com a refeição são outras recomendações importantes, além de não deitar-se após a comida.

Aliás, uma dieta bem saudável, fracionada com pequenas porções favorece também a perda de peso, que em si, já colabora para evitar ou controlar duas outras doenças: a esteatose hepática (que é o aumento da gordura do fígado) e a obesidade. Isso aliado à atividade física.

Existem também doenças graves que ainda não têm cura, como o caso da retocolite e a Doença de Crohn, entretanto, em ambos os casos, os pacientes podem levar uma vida com grande qualidade. Dra. Nilma esclarece que “existem drogas novas muito potentes que combatem os sintomas e controlam a doença. Os mais novos são os medicamentos biológicos usados forma injetável”.

Cânceres

No aparelho digestivo, os cânceres mais comuns – e temidos – são o câncer de estômago e o de intestino. Geralmente esses tumores têm um fator genético importante, por isso, pessoas cujos pais, tios e avós tiveram cânceres nessa região devem começar cedo a investigação. Mais uma vez, também se associa a dieta a esses cânceres, sugerindo que a menor ingestão de carne vermelha e o aumento de fibras e alimentos integrais poderiam reduzir a chance da doença.

Para o câncer de estômago há ainda um componente importante em países como o Brasil, onde a cobertura de saneamento básico não é alta: a presença da bactéria Helicobacter Pylori. Se erradicarmos essa bactéria disseminada pela água e alimentos contaminados, vamos contribuir muito para evitar essa neoplasia.

O câncer de fígado mais comum, o carcinoma hepatocelular é frequente em pacientes com cirrose, tanto de origem viral, por meio das hepatites B e C, como pelo consumo abusivo de bebidas alcoólicas, e também pela esteatose hepática não alcoólica. Nesse caso a prevenção passa necessariamente por campanhas de conscientização para as hepatites (como uso de materiais esterilizados e uso de camisinha), e pelo maior acesso aos tratamentos dos vírus, que já conta com novas drogas poderosas. “Mas também pela moderação ou abandono do consumo de álcool e adoção de hábitos saudáveis para diminuição da gordura no fígado”, recomenda Dra. Nilma.

O arsenal de combate ao câncer do sistema digestório é bastante grande, com novas cirurgias minimamente invasivas, embolização de tumores, novas quimioterapias e radioterapia, mas a prevenção é sempre o “melhor remédio”.

Obesidade é doença

A obesidade está associada a dezenas de doenças, não só do sistema digestivo, como ao câncer de mama e às doenças cardiovasculares. O cuidado com a alimentação desde a infância, estimulando hábitos saudáveis é fundamental e essa prática tem que vir do exemplo dos pais.

Em situações extremas, com critérios bastante definidos, como o IMC (índice de massa corporal) acima de 40 ou IMC de 35 com doenças associadas (como apneia do sono, hipertensão arterial, Diabetes Mellitus, dislipidemia, doença coronariana e osteoartrite) é indicada a cirurgia bariátrica. Hoje, essa cirurgia de redução do estômago já é feita de forma minimamente invasiva, inclusive utilizando o robô cirúrgico Da Vinci Xi, e com bastante segurança.

Ainda assim, o paciente deve pensar sempre em hábitos saudáveis para garantir uma boa saúde e o bom funcionamento de sua “máquina”.


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